Determinação é o segredo para enfrentar a transição capilar
- Monique Lemos
- 5 de nov. de 2019
- 6 min de leitura
Atualizado: 6 de dez. de 2019
Em alta nos últimos anos a volta dos cachos tem proporcionado mais do que estilo, mas uma mudança de perspectiva de vida para quem passa pelo processo.

Isadora Rodrigues e Thaise Marques antes e depois da transição capilar. Foto: Arquivo Pessoal
De acordo com pesquisa realizada pelo Google BrandLab, em junho de 2017 as buscas sobre transição capilar, o processo de deixar o cabelo livre de química alisante ou relaxante, começaram a ser relevantes em 2013. No último ano o crescimento foi 232% ultrapassando pela primeira vez a busca por cabelos lisos.
A pesquisa revela ainda que 24% das mulheres de 18 a 24 anos reconhecem seu cabelo como cacheado. Também consta na pesquisa que 1 em cada 3 mulheres diz já ter sofrido preconceito por conta do seu cabelo.
Como os números mostram, motivados pelas novas gerações, que discutem intensamente o assunto, o movimento de aceitação e a busca pelo visual mais natural só crescem. Nas prateleiras das lojas nota-se cada vez mais opções para os cabelos cacheados, crespos ou em transição capilar.
Inspiração
Voltar ao natural é uma das tendências que está em alta nos últimos anos. Mas nem sempre é fácil passar pelo processo como conta Isadora Rodrigues Corado, que está há um ano passando pela transição. “Eu me preparei psicologicamente para passar por esse processo, e também fui em busca de informações a respeito, de como funcionava a transição, o que eventualmente eu poderia passar”, afirma.
Ainda segundo Isadora só passando pelo processo para entender algumas necessidades básicas do cabelo que ignoramos. “Foi muito rico todo esse processo, fui pegando gosto, porque no início é uma luta com nós mesmo, é um novo mundo de descobertas, mas com um tempo as coisas vão se ajustando”, declara a jovem.
O momento mais difícil do processo de transição é o chamado “Big Chop”, quando há a necessidade de fazer um corte bem curto para tirar a química do cabelo. Para Ysadora foi a parte mais complexa, porque não queria se desfazer das madeixas.
“Foi muito doloroso pra mim, mais entrei nessa transição sabendo que teria que passar por esse processo. Chorei no dia, mas depois não aconteceu mais isso. Levantei a cabeça e trabalhei meu psicológico pra me aceitar como estava e que eu poderia ser bonita daquela maneira. Passei a mudar meu foco para o processo se tornar mais leve, que no meu caso foi a maquiagem, mas continuando com os cuidados necessários no cabelo”, explica ela.
Isadora Rodrigues durante o big chop. Foto: Arquivo Pessoal
Isadora afirma ainda que o Big Chop não é o fim do mundo. Se a pessoa não consegue passar por esse processo de uma vez, a dica é cortar aos poucos. Se não está com o psicológico preparado, vá com calma, respeite seu tempo.
“Antes de fazer o corte no salão, já estava trabalhando meu psicológico. Um dia qualquer, peguei a tesoura e fui cortando as pontas pra ir me adaptando ao fato de ver ele menor, pois há anos fazia de tudo para esse cabelo crescer (tomava vitaminas, fui em consultas para saber o motivo das quedas, porque era tão frágil, era algo que mexia comigo). Pra mim deu certo, me ajudou a me ver com o cabelo menor, mesmo ele ficando todo desalinhado”.
Já para Thaise Marques, que teve o cabelo alisado desde os 9 anos de idade o processo foi libertador. “Em 2015 tive a curiosidade de saber como era meu cabelo natural, pois minha mãe sempre alisou meu cabelo. Devido ser bem cacheado e dar muito trabalho para cuidar e também não havia produtos cosméticos voltados para cabelos crespos”.
Thaise resolveu começar pelo big chop. É para ela foi a mistura de libertação com a ansiedade, pois queria que crescesse logo. Afinal, o cabelo ficou bem curtinho. “Foi divertido e libertador. Foi um processo de autoconhecimento também de descoberta. Mesmo com os olhares tortos e críticas, estava bem decidida então não sofri muito com isso”.

Thaise Marques durante o big chop. Foto: Arquivo Pessoal
Com relação ao preconceito das pessoas, a jovem disse que lidar com isso sempre foi o mais difícil. Apesar de estar bem segura em relação à transição, era difícil lidar com os olhares de discriminação, reprovação, preconceito velado e perguntas estúpidas querendo saber o motivo por ter cortado o cabelo. “Então, ouvi de tudo. Que era doida, corajosa, que devia continuar liso, que estava feio, que tinha muita personalidade e tantas outras coisas.
Mas o mais complicado era ir nas lojas de cosméticos procurar produtos para cabelo cacheado e escutava muito “você não quer alisar? Dá menos trabalho. Temos produtos ótimos para cabelos lisos”. Ou então, “menina, vamos alisar? Hoje em dia só tem cabelo ruim quem quer”. Escutei muito “agora tá na moda usar o cabelo ruim de novo, né?!”
já Isadora, durante o processo, notou muitos olhares de espanto. Alguns não concordaram tanto, mas também recebeu muito apoio, o que a ajudou bastante com a auto estima e a continuar perseverando. Os sentimentos durante a transição variam muito segundo ela, pois tem hora que se sentia uma guerreira, corajosa, mas ao mesmo tempo vem uma sensação de está feia, que não deveria ter começado o processo.
Cabelo de Isadora Rodrigues quando deixou de utilizar processos químicos. Nesta fase ficou com a raiz cacheada e as pontas lisas. Foto: Arquivo Pessoal
“Veio algo maior dentro de mim dizendo que sou linda de todo jeito, que eu aprendi muito, que tinha me superado, que se não me aceitassem do jeito que sou é porque não mereciam meu amor e consideração, e que eu ia vencer “, explica ela. A jovem também deixa um conselho para quem deseja iniciar a transição: ter foco! Ela acredita que é importante estudar sobre todos os processos que precisa passar, sobre o fio do cabelo, o que é necessário, como cuidar e quais são as etapas. Além de ter muita paciência.
“Tudo começa por você, dentro de você, tem processo que a gente não vai está tão linda. Risos... mas temos que trabalhar dentro de nós, ganhar forças e saber que é só um processo, e logo vai passar, que pode se sentir linda independente disso. Isso ajuda muito”, explica Isadora.
Isadora Rodrigues antes e depois da transição capilar. Foto: Arquivo Pessoal
Ela aconselha também a escrever a respeito de como está se sentindo e como está sendo o processo. “Escrever me ajudou a me sentir melhor, me fez pensar na necessidade de outras que estavam iniciando. Que poderiam ler meus depoimentos e saber que uma hora a transição vai passar, que tem que levantar a cabeça. Às vezes postava nas redes sociais, foi uma técnica pessoal”, revela.
já Thaise conta que antes de qualquer coisa é necessário ter certeza do que realmente quer. “Se libertar dos rótulos e dos padrões de beleza impostos. É preciso ter muita paciência, pois ficamos ansiosas para que crescimento seja na velocidade da luz. É cuidar muito e se amar, seja lisa, crespa ou cacheada, afirma.
Thaise Marques antes e depois da transição capilar. Foto: Arquivo Pessoal
Procure um Especialista
Para a cabeleireira Jenane Alves de Souza Rodrigues, que trabalha com transição capilar desde 2016, a decisão tem que ser própria, tem que ser estudada e analisada, pois a jornada é longa e dolorida e envolve o psicológico de cada pessoa. Em seu salão, que fica na região central na capital, a cada 10 clientes cinco estão em transição capilar e duas estão querendo iniciar o processo.
“Quando a procura pelo salão é no início da transição se torna mais fácil, pois o desenrolar vai sendo formado pelo perfil de cada cliente. Até chegar o corte inicia uma nova etapa de aceitação, pois o corte às vezes é grande e nem todos estão preparados por mais que tenha programado, mas para outras é gratificante e libertador”, explica ela.
De acordo com a cabeleireira é essencial está próximo de pessoas que dão apoio durante o processo, pois há momentos de recaídas, e o salão tem esta consultoria com apoio nas horas de crises. O primeiro passo de acordo com Jenane é começar com os tratamentos capilar para estimular o crescimento e nascimento de fios saudáveis. Para isso indica as linhas de tratamentos capilar orgânica, botânica ou fitoterápicos que vão estimular no crescimento e nascimento de fios saudáveis que assim, favorecerá a ativação dos cachos.
Também é importante, segundo ela, fazer a análise capilar, para ajudar na identificação de linhas de tratamentos e técnica específica para cada tipo de cabelo e contribuir para que os resultados sejam rápidos e eficaz.
A especialista aconselha a quem deseja iniciar o processo a procurar profissionais especialista em cabelos naturais, que entenda de transição, ofereça consultoria e tenha um atendimento humanizado que possa elevar sua autoestima. E quando pensar em desistir, além destes profissionais, busque ajuda nos grupos de transições nas redes sociais, lendo inclusive os depoimentos. Mantenha o foco, pois as realizações e os desejos dependem da sua busca diária. “Desistir jamais”, enfatiza Jenane.
Veja abaixo 8 passos para a transição capilar.

Onde encontrar ajuda especializada:
Salão Realce Cachos - 806 sul, Al 09 Lt 18 - Palmas - TO.
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